Por José Nivaldo Cordeiro


24 de Maio de 2002

Dificilmente a candidatura oficial vai se livrar das piadinhas ensejadas pelo cacófato derivado da junção dos nomes. Serra, de fato, irrita, os amigos e os adversários. Mas, como diria o Dr. Jung, personalidade é destino e somos o que somos. E como nada é por acaso, o cacófato também não é, revelando um pouco mais do candidato.Para além das armadilhas da língua portuguesa, entretanto, importa mais avaliar o impacto político e eleitoral da escolha da vice da chapa do PSDB. Salvo a previsível guerra dos dossiês, que certamente acontecerá, pareceu-me uma escolha consistente. As pesquisas revelavam a menor força da candidatura Lula junto ao eleitorado feminino, que ficou um tanto órfão com a desistência da Roseana Sarney. A deputada Rita Camada certamente será um elemento a atrair considerável contingente desses votos.

Vice não manda, já diz o ditado popular. Alguém conhece alguma rua como nome de vice? Ele só é importante quando o titular, por qualquer motivo, fica impedido de exercer o poder. Enquanto vice, não é lá grande coisa em política.

Dessa forma, a deputada será mais uma garota-propaganda do que mesmo uma aglutinadora de forças políticas. Até onde a imprensa noticiou, as diversas facções que formam o PMDB não ficaram muito felizes com a escolha. A convenção do Partido não será um mero convescote dominical. Como se diz no popular, o bicho vai pegar. Pior ainda porque ela sempre integrou a ala oposicionista do Partido. A lógica, em política, nunca foi linear e esse acontecimento só confirma o truísmo.

De qualquer modo, penso que os estrategistas da candidatura acertaram. Era a melhor escolha. Qualquer um que fosse o escolhido geraria algum tipo de resistência e essa pelo menos agregou em termos eleitorais. Para ser perfeita só se fosse oriunda de Minas ou de São Paulo. Mas nada é perfeito. Nem Rita.

O problema colocado agora para a dupla Serra e Rita e decolar nas pesquisas eleitorais, deslocando-se do embolado segundo pelotão. Se isso não acontecer rapidamente, a candidatura corre sério risco de ser cristianizada. Quem pode esquecer o que aconteceu com o saudoso Ulysses Guimarães? Não basta controlar a máquina partidária e o Executivo para ser bem sucedido nas urnas, ainda mais numa eleição de corte plebiscitário, como a que se avizinha.

É esperar para ver.

 

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