O Seminário é, em primeiro lugar, um curso de filosofia (o único que pode ajudar você a praticar a filosofia em vez de apenas repetir o que outras pessoas, ilustres o quanto se queira, disseram a respeito dela).

Mas, pela sua própria natureza, a filosofia não é um saber especializado sobre uma determinada classe de objetos: é uma atividade integral da inteligência que se volta sobre todos os campos do saber e da experiência em busca de sua unidade, de seu fundamento e de sua significação última para a consciência humana.

Não há limites, portanto, para os conhecimentos especializados que possam se tornar necessários, como subsídios auxiliares, ao aprendizado e exercício da filosofia: a formação filosófica é, também e inseparavelmente, a abertura da inteligência à totalidade sistêmica dos conhecimentos humanos.

Por essa razão, o Seminário é também um sistema de educação integral, com abertura para os seguintes campos de estudos, além da filosofia strictu sensu:

  • Religião comparada
  • Letras e artes
  • Ciências humanas
  • Ciências da natureza
  • Comunicação e expressão

Essa abrangência torna o Seminário uma espécie de introdução geral aos estudos superiores em sua totalidade.

Mas isso não é tudo.

Como a filosofia consiste, sobretudo, em unidade do conhecimento na unidade da consciência, os vários campos do saber abrangidos no Seminário não constituem uma somatória de elementos inconexos, e sim a visão sintética da unidade orgânica do conhecimento humano.

Graças a esse enfoque, o Seminário torna-se ainda teoria e prática do conhecimento interdisciplinar.

No entanto, a filosofia nunca pode constituir mera atividade profissional e universitária, desligada da intimidade pessoal daquele que a exerce. Ela é, por definição, exercício da autoconsciência , que busca sistematicamente os nexos entre o saber, o ser e o agir, na unidade da consciência individual do filósofo.

A unidade do saber, do ser e do agir é a meta de toda filosofia: é a conquista da sabedoria.

Buscando constantemente o nexo entre conhecimento e autoconsciência, o filósofo (ou, o que é exatamente o mesmo: o estudante) submete-se à disciplina da sinceridade , que se torna, de maneira lenta, gradual e segura, um caminho de ascese espiritual: o desenvolvimento do senso pessoal da verdade.

Como, ademais, a inteligência humana não se desenvolve em mais ou em menos segundo as taxas fictícias de algum Q.I. inato ou segundo tais ou quais determinações ambientais supostamente invencíveis, mas apenas segundo a maior ou menor determinação de cada homem no sentido de buscar a verdade e integrá-la nas estruturas de sua personalidade e nas linhas de seu modo de agir, o Seminário torna-se também um método de desenvolvimento da inteligência pessoal.

Eis aí o que é o Seminário de Filosofia:

  1. Um curso de filosofia
  2. Um sistema de educação integral
  3. Uma introdução geral aos estudos superiores
  4. Uma teoria e prática da interdisciplina
  5. Um caminho de ascese espiritual
  6. Um método de desenvolvimento da inteligência pessoal

Caso esses seis objetivos lhe pareçam grandes demais para poderem ser atingidos todos de uma vez, o próprio Seminário lhe mostrará que não é possível atingir nenhum deles separadamente: filosofia, educação integral, ampliação do horizonte cognitivo, unidade do conhecimento, ascese espiritual fundada na autoconsciência e desenvolvimento da inteligência humana são, apenas, seis nomes de uma só e mesma coisa.

O Seminário não promete dar a você nenhuma delas, porque nenhuma delas é coisa que se possa receber de presente. Promete apenas mostrar-lhe o caminho para conquistá-las e torná-las suas para sempre.

De você ele só exigirá duas coisas: sinceridade e esforço tranqüilo.

Olavo de Carvalho

 

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