Por José Nivaldo Cordeiro


23 de Maio de 2002

A imprensa nos informa hoje que mais um oficial foi condenado pelos acontecidos de Eldorado dos Carajás. Volto ao tema, sem temer ser repetitivo, não por esse fato, que não mais é surpresa: a injustiça derivada daquele triste episódio passou a ser rotineira. Mas, sim, por causa de um dos argumentos utilizados pela acusação contra a ação dos policiais militares.A dúvida em debate diante do Júri era saber quem atirou primeiro. A simples colocação dessa questão já mostra a quantas anda o relativismo do nosso sistema jurídico e, por conseqüência, do sistema de Justiça. Uma ação como aquela, de restabelecimento da ordem pública e de desobstrução das vias de circulação, pressupunha o uso dos instrumentos normais nesse caso, como as bombas de gás lacrimogênio e as de efeito moral. O filme revela que policiais empunhando lançadores estavam na linha de frente da operação.

Pessoas normais temeriam a ação da PM e de seus instrumentos de trabalho e provavelmente entrariam em fuga, por medo natural. O que se viu é que aquelas não eram pessoas normais: à ação da PM responderam com inesperado ataque, pondo a correr os policias que despejavam as referidas bombas (não letais, como é do conhecimento geral). Do desfecho todos sabemos.

Ao se formular uma questão desse tipo é como se alguém pudesse cogitar a hipótese de a polícia ter que esperar ser atacada a tiros para poder cumprir o seu papel, o que é um absurdo. Ela estava ali para impor a ordem, não para travar um duelo fictício com os invasores. A polícia não pode ser derrotada. E a reação anormal à ação típica da PM apenas reforça a suspeita de um treinamento prévio – guerrilheiro – daquelas pessoas. Só alguém treinado para reagir daquela forma temerária.

É claro que era um duelo impossível. As Forças da Ordem tinham que se impor e os perturbadores da ordem tinham que ceder. Algo diferente disso seria supor que um poder alternativo imperasse naquelas plagas.

Nunca houve um duelo e a causa real do lastimável desenlace foi a resistência desmedida e imprevisível dos que pereceram.

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