Por Pedro Paulo Rocha


abril de 2002

Prezados Internautas,

A rede tem sido invadida por uma série interminável de SITES e emails de crítica ao acordo da Base de Alcântara.

Eu não sou expert no assunto mas, de imediato, um fato de impressionou: o exacerbado ANTI-AMERICANISMO subjacente a estas críticas. A começar pelo fato de que os políticos que mais atacaram este acordo são todos do PT, partido que sabidamente tem vinculações inequívocas com o marxismo. O que aliás foi confessado explicitamente pelo Sr Olívio Dutra, em recente entrevista.

E uma coisa que acompanho desde a minha infância: o anti-americanismo é uma caracteristica simbólica de todo comunista. E isto entendo que seja decorrente de uma razão óbvia: os EUA são uma ilustração do sucesso de tudo aquilo que eles condenam, com suas visões acanhadas e obcessivas. Um dos mais exaltados críticos do acordo é um cidadão que se apresentou como empresário e que, aparentemente, tem ligações estreitas com o grupo Guararapes.

Ele não só descarregou uma série de críticas contundentes ao acordo, em email dirigido a mim e a uma série de militares, como ontem me enviou um anexo em Power Point, que se inicia indagando o “que acho do terrorismo?”. Logo a seguir exibe uma imagem de um avião se chocando contra uma das torres do WTC. A seguir observa que terrorismo não é só isto. E passa a exibir dezenas de cenas chocantes, que atribui aos americanos, tanto no Vietnã quanto no lançamento da “bomba” contra o Japão.

Desta forma este cidadão explicitou seu ódio aos EUA.

Pensei em refazer o programa, colocando imagens das torturas a que os “hereges” foram submetidos pelos cristãos, durante a idade média, pela Santa Inquisição, que levou às fogueiras e a crueis e horripilants torturas mais de cem mil inocentes. Ou, para não ir mais longe, mostrar o que os nossos bravos bandeirantes fizeram com os nossos índios. Há uma imagem da cena descrita por um deles, que mostra o valente Anhanguera arrancando um indiozinho dos braços de sua mãe e o jogando aos seus mastins, para alimentá-los. Poderia indicar mesmo a cena dos rapazes que queimaram, com requintes de crueldade, um pobre índio, recentemente, em Brasília. Ou citar a chacina de que foram vítimas tribos inteiras, assassinadas com açucar envenenado ou dizimadas pela distribuição de roupas infectadas com doenças contagiosas. Isto para que pudessem explorar suas terras. Mas me contive, pois isto me rebaixaria ao nível dele.

A perversidade é uma característica do ser humano, único animal que tortura seu semelhante e sente prazer nisto.

Os interesses também são uma constante nas relações, não só entre pessoas, como entre nações. Países que ontem era inimigos mortais, hoje se declaram amigos incondicionais.

Mas isto jamais deveria perturbar nosso raciocínio ao ponto de nos levar a julgamentos injustos e conclusões errôneas, eivadas de radicalismo irracional e obtuso.

As pessoas que tanto criticam o acordo deveriam ter comparecido aos debates que os responsáveis pelo projeto promoveram no INCAer e no Congresso. E se tivessem, realmente, um espírito construtivo de crítica, que não se fixassem em determinadas cláusulas, com alegações estúpidas, como a de que “não deve ser por tempo indeterminado” (o que nos permite rescindir o contrato, sem ficarmos amarrados a prazos) de que a verba da locação “não pode ser aplicada no desenvolvimento do CLA” (quem é que poderia o impedir, uma vez incorporados ao nosso orçamento – portanto uma cláusula INÓCUA, para os olhos de quem não é burro), de que não poderíamos ingressar nas áreas alocadas (mas é lógico – como imaginar o acesso de extranhos aos segredos tecnológicos que eles desenvolveram), que o nosso foguete foi derrubado pelos americanos para propiciar o acordo (santa burrice – não temos verba nem para o rancho dos quartéis), que o local é fabuloso e que uma vez lá o americano não mais sairia (se sairam do Panamá, onde haviam gasto bilhões de dólares na construção do canal – muito mais estratégico! ou será que sairam com medo do terrível exército do Panamá?), que deveríamos poder alugar para outros interessados (quem mais iria querer?), que a cláusula impeditiva de usar o CLA para atos de terrorismo e uso de países inimigos era um cerceamento a nossa Soberania (meu Deus! não dá nem para comentar), que os americanos querem impedir o nosso desenvolvimento tecnológico (se o quisessem, bastava impedirem o nosso acesso às suas escolas e os nossos políticos petistas poderiam alocar verbas para as pesquisas, que inexistem, razão pela qual fomos obrigados a recorrer à exploração comercial da Base), etc., etc.

Enfim, as razões eram tão medíocres, que mais pareciam nascer de cérebros acanhados. Com a agravante de que tais indivíduos não se rendiam às evidências e à lógica.

Pareciam-me um grupo de pessoas de inteligência normal e instrução superior, que se reúne, movida pelo objetivo comum de se imbecilizarem mutuamente, pela repetição uníssona e obsessiva de lugares comuns. É todo um bloco monolítico, impermeável a qualquer idéia divergente, prisioneiro de uma retórica, com um mesmo discurso demagógico, repisando monotonamente velhos chavões. Qualquer discordância é violentamente rechaçada. E acima de tudo a minha constatação é que esta discussão estéril nos desvia de problemas realmente cruciais, como a persistente doutrinação das nossas crianças – principalmente nos colégios do RS, onde até a FARC compareceu para participar de palestras – e a invasão de propriedades, a título de que é premordial o interesse social. Ou seja, o avanço sutil do marxismo deixa de ser observado e comentado e vocês, que entram neste jogo, ou querem a implantação do marxismo – que nunca funcionou em parte nenhuma do mundo – ou são meramente inocentes úteis.

Acordem, cidadãos, enquanto não é tarde demais. O INIMIGO está aqui dentro mesmo. E está querendo jogar poeira nos seus olhos, para que não vejam a VERDADE.

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